Revista eletrônica de musicologia



Volume XIV - Setembro de 2010


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Difusão e aclimatação do órgão ibérico na América portuguesa entre os séculos XVI e XVIII

Marco Aurelio Brescia [1]

 

Resumo: Em 1552, Dom Pero Fernandes Sardinha, primeiro Bispo de Salvador, escreveu ao rei D. João III, solicitando ao monarca português o envio de órgãos à América Portuguesa. Sete anos mais tarde, era criado, por alvará régio, o primeiro posto de organista na Sé Primacial de Salvador, muito embora o primeiro grande órgão de que temos notícia documental não fosse enviado à dita catedral antes de 1727. A partir de então, os monarcas portugueses, Dom João V e Dom José I, no pleno exercício de suas atribuições enquanto grãos-mestres da Ordem de Cristo, enviariam outros órgãos à colônia americana, alguns dos quais encomendados ao organeiro português Clemente Gomes, fato que, acrescido das inúmeras importações de instrumentos da metrópole levadas a cabo por ordens religiosas regulares e seculares, contribuiria para a instauração de modelos organários sólidos a serem imitados e aclimatados pelo engenho de organeiros autóctones, como Agostinho Rodrigues Leite e Manoel de Almeida e Silva.

Palavras chave: Órgão Ibérico, América Portuguesa, Clemente Gomes, Agostinho Rodrigues Leite, Manoel de Almeida e Silva.

Resumen: En 1552, Don Pero Fernandes Sardinha, primer Obispo de Salvador de Bahía, escribió al rey Don Juan III, solicitando al monarca portugués el envío de órganos a América Portuguesa. Siete años más tarde, era creado, por orden regia, el primer puesto de organista en la Catedral Primada de Salvador, aunque el primer grande órgano de que tenemos noticia a nivel documental no hubiese sido enviado a dicha catedral hasta 1727. A partir de entonces, los monarcas portugueses, Don Juan V y Don José I, en el pleno ejercicio de sus atribuciones en cuanto gran-maestros de la Orden de Cristo, enviarían otros órganos a la colonia americana, algunos de los cuales encargados al organero portugués Clemente Gomes, hecho que, acrecido de las diversas importaciones de instrumentos de la metrópoli llevadas a cabo por órdenes religiosas regulares y seglares, contribuiría a la instauración de modelos organarios sólidos a ser imitados y aclimatados por el ingenio de organeros autóctonos, tales como Agostinho Rodrigues Leite y Manoel de Almeida e Silva.

Palabras clave: Órgano Ibérico, América Portuguesa, Clemente Gomes, Agostinho Rodrigues Leite, Manoel de Almeida e Silva.

O presente artigo aborda um aspecto transversal de nossas pesquisas de mestrado - concluídas em 2008 na Universidade Sorbonne-Paris IV, sob o título de Catalogue des Orgues Baroques au Brésil: Architecture et Décoration - relacionado à difusão e aclimatação do órgão ibérico na América Portuguesa. No que concerne à difusão do instrumento em solo colonial, trabalhamos no sentido de restituir importante documentação, até então, inédita. A propósito da aclimatação do órgão ibérico em solo luso-americano, delimitamos nossa abordagem da produção instrumental autóctone à figura de dois organeiros autodidatas que, nessa matéria, cobram absoluto protagonismo: Agostinho Rodrigues Leite - ativo em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro -, e Manoel de Almeida e Silva - ativo em Minas Gerais -.

O marco fundamental do estabelecimento oficial do órgão na América Portuguesa é a criação do primeiro posto de organista da Sé Primacial de Salvador, por alvará régio de 9 de Setembro de 1559, em resposta à célebre carta de Dom Pero Fernandes Sardinha, primeiro Bispo de Salvador, enviada em 1552 ao rei D. João III : “não se esqueça V. A.ª de mandar qua hũs orgaõs / por q’ segundo este gentio he amjguo de novida / des mujto majs se a de mouer por ver dar hũ Re / logio e tanger orgãos que por pregaçõis / nẽ amoestaçois” [2] .

 

(FIG.1). ARQUIVOS NACIONAIS DA TORRE DO TOMBO, LISBOA: Carta de Dom Pero Fernandes Sardinha a D. João III (1552), pormenor.

O primeiro organista a exercer suas funções na Sé soteropolitana foi Pedro da Fonseca, padre e cônego da mesma, que, segundo Jaime Cavalcanti Diniz, começou a tanger oficialmente os órgãos da Sé na noite de natal de 1559. [3] Não conhecemos nenhuma referência documental direta ao instrumento em que Fonseca exercitava sua arte, a primeira delas remontando ao reinado de Dom João V, que mandou colocar na Sé um grande órgão, recebido em 1727. [4] De fato, numa petição do chantre da Sé endereçada ao soberano português, datada de 5 de Outubro de 1734, que recuperamos no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, lemos :

Senhor / Diz o chantre da Sé da Cid.e da B.ª, q.e V. Mag.de / foy Servido mandar no anno de 1718, q.e naquella Cathedral Se celebrem os offiçios / Divinos com a perfeiçaõ com q.e Se celebraõ nas Cathedraes deste R.no, para o q.e Se dignou / V. Mag.de mandar p.ª aquella Sé hum bom Orgam” [5] .

(FIG. 2). ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO DE LISBOA: Petição do chantre da Sé de Salvador de 5 de Outubro de 1734, pormenor.

Sabemos, ainda, de forma indireta, isto é, por meio de uma petição do organeiro português Clemente Gomes endereçada ao rei D. João V, datada de 13 de Janeiro de 1729 e conservada no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, relativa à liberação de sua passagem livre de retorno à corte quando voltasse de assentar o órgão da Sé de Olinda, que oficiais haviam sido enviados de Portugal para instalar o órgão da Sé baiana: “q’ o d.º / Provedor da fazenda lhe dee a passage Livre na mes / ma forma q’ se fez aos ofeçiais q’ foraõ asentar / Ó orgaõ à See da Bahia” [6] . Do acima exposto concluímos tratar-se o órgão joanino da Sé de Salvador de um instrumento fixo, muito provavelmente, pertencente à segunda espécie estabelecida por Pablo Nassarre em sua Escuela Musica según la práctica moderna (1724) [7] , isto é, instrumento apresentando entonação de 12 palmos em fachada, o que configura a maior categoria de instrumentos conhecidos na América Portuguesa. Luís dos Santos Vilhena, em suas Notícias Soteropolitanas e Brasílicas (1802), denunciou o estado de abandono em que se encontrava o órgão: “poderse-ia igualmente aproveitar o famozo órgão que o Sr. Rey D. João 5º mandou collocar na Sé, o qual se desmanxou este anno ao apear o tecto, e se vai inteiramente perder” [8] . Em 1819, a Irmandade do Santíssimo Sacramento, ao abrigo da Sé, solicitou licença para demolir o que restava do instrumento, o que se deu no ano seguinte.

Outro instrumento enviado de Portugal com destino a uma catedral da América Portuguesa foi o antigo grande órgão da Sé de Olinda. Na petição do organeiro Clemente Gomes endereçada ao rei Dom João V a que nos referimos logo acima, lê-se também o seguinte:

“Diz Clemente Gomes q’elle Supplicante Se ajustou Com este / Cons.º p.ª hir asentar o orgaõ q’ por ordem de V. Mag.de fez p.ª a See / de Olinda, e por q’ p.ª Se lhe dar na d.ta Cidade à execuçaõ o asento / do d.º orgaõ se faz persizo q’ V. Mag.de mande ordem ao Prove / dor, da d.ª Cidade p.ª q’ este faça dar á execuçaõ o asento do d.º / orgaõ ” [9] .

(FIG. 3). ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO DE LISBOA: Petição do organeiro Clemente Gomes datada de 13 de Janeiro de 1729, pormenor.

Do acima exposto, inferimos tratar-se o órgão de um instrumento fixo, muito provavelmente, à semelhança do órgão joanino da Sé soteropolitana, pertencente à segunda espécie de Nassarre. Outros documentos que recuperamos no Arquivo Histórico Ultramarino testemunham que Clemente Gomes enviara, ao menos, outro instrumento à América Portuguesa, este com destino ao Convento de Nossa Senhora do Carmo da Cidade da Paraíba. Diz a petição de frei Felipe do Espírito Santo, prior do dito convento, endereçada ao rei Dom João V e datada de 13 de Junho de 1733:

“Naõ tem a nossa Igreja mais que hum orna- / mento de Damasco branco e Carmezim com mais de trinta annos / de uzo, e este emprestado de huã Capella Subjeita a este convento, / e hum de ostede Semanario, taõ bem já com muito uzo; e a Sua / pobreza os naõ ajuda a fazer hum sufficiente para os dias festi- / vos, nem a comprar hum orgaõ capaz para ochoro, e missas / cantadas, que Somos obrigados pella nossa Regra” [10] .

(FIG. 4). ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO DE LISBOA: Petição de frei Felipe do Espírito Santo datada de 13 de Junho de 1733, pormenor.

            Seis anos mais tarde encontramos uma consulta do Conselho Ultramarino à Sua Majestade relativa ao pagamento do instrumento que o organeiro construíra para o cenóbio carmelita da Paraíba, que restituímos, parcialmente, a seguir:

“[recto] Senhor / Pela / R.l Rezoluçaõ de V Mag.e de Sinco / de Agosto do anno proximepassado tómada em / Consulta deste Cons.’, foy V. Mag.e Servido / Conformarsse com o parecer do mesmo Cons.’ p.ª q.e Se Sa / tisfizesse a Clemente Gomes a quantia de quatrocentos, / outenta mil rs’ que Se Me estaõ a dever / da importancia do Orgaõ q.’ V. Mag.e foy Ser- / vido ordenar Se desse de esmola ao […] de N. Sr.ª / do Carmo da Cappitania da Parahiba. / E Vendosse no Concelho novo Reque- / rimento do dito Clemente Gomes em que Re- / prezenta q.’ elle fez hum orgaõ por ordem deste / Concelho para o Convento da Parahiba dos / Religiozos Carmelitas o qual Se lhe encomen / dou em Jan.º de mil Settecentos, trinta, e Sette / e foy entregue na d.ª Cappitania, e fazendo / Requerimento para haver seu pagamento athé / o prezente naõ está satisfeito da quantia de / quatro centos, e outenta mil rz’ que importou o d.º / Orgaõ com o pretexto de naõ haver dinheiro / neste Concelho, e porque he hum official pobre / Se acha na mayor necessidade que a dita demora / lhe tem cauzado. / Pede a V. Mag.e Seja // [verso] Servido mandar satisfazer ao Supp.e a dita / importancia” [11]

Do que acabamos de ler obtemos informações de grande relevância: a partir do preço do instrumento, 480$000 réis, uma vez comparado ao preço de compra de outros instrumentos construídos na metrópole no período joanino, inferimos tratar-se o mesmo de um positivo de maiores proporções e com recursos consideráveis ao nível da composição. Assim como se deu em relação ao órgão joanino da Sé de Salvador - e, também, como veremos mais adiante, em relação ao órgão da Sé de Mariana -, percebemos uma maior ou menor morosidade administrativa entre a petição de um instrumento e a satisfação da mesma. No presente caso, entre a petição de frei Espírito Santo, realizada em 1733, e a encomenda efetiva do instrumento, decorre um prazo de quatro anos. Parece-nos também notável a referência à precária condição financeira de um organeiro que recebia importantes encomendas régias, ao menos, à época do supracitado requerimento ao Conselho Ultramarino.

              Outro instrumento enviado de Portugal a uma sede catedralícia da América Portuguesa foi o órgão da Sé de Mariana, indubitavelmente, o mais importante órgão barroco atualmente preservado no Brasil, instrumento atribuído, a partir da análise exaustiva de sua factura, ao célebre mestre organeiro hamburgês Arp Schnitger [12] . A 10 de Fevereiro de 1747, o Conselho Ultramarino, emite parecer no sentido de prover a futura Sé de Mariana de:

tudo o que for precizo para o exer = / ciçio da Ordem Pontifical, obrigaçoens’, e funçoez’ / della, para cujo fim seria conveniente commeterse / esta diligencia a pessoa, ou pessoas inteligentes, ás qua= / es se dé a incumbençia de porem prompto tudo o que / julgarem neçessario para todaz as ditas funçoez’. / Da mesma sorte os ornamentos competen= / tes, Ceremoniaes, Psalterios, Livro de Canto, Or= / gaõ, Sinos, e tudo o maez que respeita ao culto di= / vino” [13] .

(FIG. 5). ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO DE LISBOA: Parecer do Conselho Ultramarino de 10 de Fevereiro de 1747, pormenor.

              A criação do posto de organista da Sé de Mariana figura no Alvará de Criação da mesma, datado de 2 de Maio de 1747, onde lemos:

Hey por bem crear, e eregir de novo Ca- / thedral na Cid.e de Marianna q.’ nella haja / quatorze prebendas, das quaes quatro Seraõ / p.ª as Dignidad.es de Arcediago, Arcipreste / Chantre, e Thezor.º Mór, e dez p.ª Cone- / gos, como tambem doze Cappelães, hũ / M.e de Seremonias, quatro moços / do Coro, hum Sacristaõ, hum M.e da / Capp.ª, hum organista, hum Portr.º / da Maça” [14] .

              Contudo, isso não significa que necessariamente esse organista tenha entrado em funções a partir de então. No Alvará de criação do bispado do Maranhão, datado de 11 de abril de 1739, e conservado nos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo em Lisboa, encontramos um esclarecimento bastante significativo a esse respeito:

   “EU El Rey Como Gov.or, e perpetuo Adm.nor / Vs.º Faço Saber aos que este meu Alvará virem que / tendo especial concideraçaõ a não haver Sée no / Bispado do Maranhaõ, nem capitulares nelle / e se fazer preciza a herecçaõ delle, e erigiremse / Dignid.es Conegos, e mais Menistros q.e hajaõ deSer- / vir, […] haja quatro Dignid.es de Arcediago, Arcipreste, Chantre, e Mestre Escolla; doze Conegos q.e todos eraõ / Presbiteros, outto Benefficiados q’ taõ bem terão / a ordem Presbiteral 16 cappelanias dos quaes / será juntam.e hum succentor, e outro organista q’ / no tempo em que naõ estiver ocupado neste ex: / ercicio servirá igualm.e com os mais no Choro” [15] .

            Aqui vemos que o organista devia servir como os demais no coro, enquanto não estivesse ocupado em suas funções como tal, o que interpretamos como: enquanto não houver órgão na Sé. A esse propósito, é bastante elucidativa a carta enviada por Gomes Freire de Andrade, governador da Capitania de Minas Gerais, ao rei Dom José I, com data de 30 de Junho de 1752, na qual o governador não deixa dúvidas sobre a inexistência de um órgão na Sé de Mariana à época:

            “Senhor

Como em cumprimento desta Real Ordem pela distancia em que estou naõ posso na prezente ffrota ouvir o Provedor da fazenda Real das Minas geraez : Vendo o requerimento        do Procurador do Bispo da Cidade Marianna, e sendo seto [=certo] pelo exame que fiz por Ordem de V. Magestade na cathedral, que nella falta orgaõ e Relogio, me paresse, V. Magestade sendo servido lhe mande dar: pela precizaõ que há de hum e outro instromento” [16] .

              Apesar dos fortes indícios sobre a inexistência de órgão na dita Sé até a instalação, em 1753, do grande órgão enviado de Portugal, como veremos mais abaixo, Paulo Castagna recuperou nos Livros do Registro Geral do Bispado de Mariana as provisões de criação de dois postos de organista na Sé: o primeiro, ocupado pelo padre Manoel da Costa Dantas, cuja provisão para “exercer” conjuntamente as funções de organista e capelão da mesma igreja fora registrada em 17 de Dezembro de 1748, o segundo, por Francisco Pires da Silva, cuja provisão fora registrada em 16 de Janeiro de 1750. Pires da Silva deve ter abandonado suas “funções” ao receber Carta de Ordens em 30 de Dezembro de 1751. É notável o fato de que, entre 1750 e 1753, Costa Dantas tenha acumulado concomitantemente diferentes funções musicais, como as de mestre de capela e sub-chantre da Sé de Mariana e mestre de capela da Comarca de Villa Rica. Não menos notável é o fato de, entre 1751 e 1755, não se encontrar nenhuma outra provisão de organista na dita Sé, o que leva Castagna a evocar a hipótese de que Costa Dantas estaria a cargo das funções de organista em 1753, isto é, no momento da chegada do órgão à igreja. [17]

              No que à compra e ao envio do órgão se refere, Marcelo Martiniano Ferreira, em sua tese de doutorado intitulada Arp Schnitger: dois órgãos congêneres de 1701, restitui o recibo de compra do instrumento, realizada das mãos do organeiro João da Cunha, que transcrevemos a seguir, a partir do original:

“Recebi do m.to Rd.o Snor.’ Beneficiado Joze de / Oliveyra hum conto e duzentos mil reis cuja coantia im= / portou o Orgaõ q.’ lhe vendi p.ª a See da cid.e de Marianna o qual / foy na frota deste prez.te anno e de como estou pago / e satisfeito lhe pasey o prez.te por mim feyto e asignado / em Lx.ª hoje 26 de Junho de 1752 a.’ / Joaõ da Cunha” [18] .

(FIG. 6). ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO DE LISBOA: Recibo de venda do órgão da Sé de Mariana, assinado por João da Cunha em 26 de Junho de 1752.

              Efectivamente, a 7 de Fevereiro de 1752, o Ministro Diogo de Mendonça Cortereal confirma a relação dos ornamentos enviados a Mariana, por ordem de Dom José I, dentre os quais havia: “hum Orgaõ grande com Sua caxa e maes Ornatos, e talhas / pertencentes a elle que foy em 18 cachoens numerados com as adver- / tencias precizas para se armar, e taõ bem em des embrulhos grd.es / e pequenos numerados” [19] . No dia 16 de Outubro de 1752 o instrumento já se encontrava no Rio de Janeiro, tendo sido transportado junto aos 26 caixões contendo os ornamentos destinados à Sé marianense por João Leite Ribeiro, que recebera 755$200 réis pelo trabalho. [20] Em 17 de Setembro de 1753 anota-se o pagamento 756$037 réis e ½ oitava de ouro ao cônego Vicente Jorge Gonçalves de Almeida pela instalação e afinação do instrumento na Sé mineira. [21]

            De tudo o que vimos de expor, percebemos, que Dom João V, assim como Dom José I, atendendo a petições de origens diversas, foram responsáveis diretos pelo envio de órgãos à América Portuguesa. O mecenato religioso do monarca português, imbuído de seu papel enquanto grão-mestre da Ordem de Cristo e, em diversas ocasiões, sensível a prover catedrais e conventos dos ornamentos necessários à dignidade do culto divino, tendo-se ainda em altíssima conta a ação e capacidade de organização de ordens religiosas regulares e seculares, que importaram diversos instrumentos da metrópole, foram os grandes protagonistas na difusão do órgão ibérico na América Portuguesa.

            No que concerne à presença do órgão no seio das ordens religiosas regulares, cobram protagonismo Jesuítas e Beneditinos. Uma das mais antigas referências à presença do órgão entre os Jesuítas na América Portuguesa encontra-se na Informação da Missão do padre Cristóvão Gouveia às partes do Brasil de 1585, onde é descrita a festa das onze mil virgens, celebrada no Colégio da Bahia no ano anterior, cuja missa fora “oficiada com bôa capella dos índios, com frautas, e de alguns cantores da Sé, com órgãos, cravos e descantes” [22] .  Marcos Holler, em sua tese doutoral intitulada Uma História de Cantares de Sion na terra dos Brasis: : a Música na atuação dos Jesuítas na América Portuguesa (1549-1759),  encontrou, sobremodo nos autos de seqüestro dos bens dos jesuítas, referências à existência de órgãos nos Colégios da Bahia, Pernambuco - Recife, Maranhão e São Paulo, no Seminário de Belém da Cachoeira, Bahia, na Casa da Vila de Vigia, Pará, e nas Aldeias de São Pedro do Cabo Frio – Rio de Janeiro, Reritiba, atual Anchieta – Espírito Santo, e Embú – São Paulo. [23] Conhecem-se referências documentais tanto à compra de instrumentos nas fundações hierarquicamente mais importantes, como colégios e seminários, como à fabricação local de instrumentos pelos indígenas nas aldeias. A Ânua da Provincia do Brasil de 1732, escrita pelo padre Inácio de Souza, precisa que o Colégio da Bahia comprou um “órgão músico, notável pelo dourado, por suas pinturas e pela harmonia de vozes igualmente agradável aos ouvidos, obra da qual tínhamos grande necessidade”. A Ânua da Provincia do Brasil de 1732, de autoria do padre Laurêncio de Almeida, menciona a aquisição de um órgão que “executa ofícios divinos com grande solenidade” [24] para o Seminário de Belém da Cachoeira. Holler encontrou um documento alusivo à compra de um órgão para o Colégio de São Paulo em 1725, no Catálogo Trienal da Província do Brasil do padre Manoel Dias. [25] Já nas aldeias, a construção de instrumentos destinados ao culto divino tornou-se uma atividade significativa, integrada na obra de evangelização das populações indígenas. Relevantes são às referências ao “pequeno órgão de canas” da Casa da Vila de Vigia no Pará, encontrada no inventário do auto de seqüestro correspondente, conservado no Arquivo Romano da Companhia de Jesus, [26] ou ao órgão mencionado no Inventário de 1759, conservado no Arquivo Histórico Ultramarino, referente aos bens da Aldeia de São Pedro do Cabo Frio, onde, segundo a Carta do padre provincial Diogo de Machado de 1689, “celebram-se no decurso do ano as festas e na Quaresma os Ofícios Divinos com música de canto de órgão com seus instrumentos competentes, tudo executado pelos mesmos índios com notável asseio e devoção” [27] .

Em relação aos instrumentos cujos canudos eram construídos por caniços, o historiador António Ladislau Monteiro Baena, em seu Ensaio Corográfico sobre a Província do Pará (1839), faz referência a um instrumento existente, à época, na Vila do Ega, Comarca do Rio Negro, onde se desenvolveu importante missão carmelita: “houve ali um curioso, que fez um orgaõ, cujas frautas eraõ de tabocas: aõ som deste instrumento as Indias cantavaõ Missa nos Domingos e Dias Santos, e nos Sabbados os Psalmos, Hymnos, e Antifonas das Completas em concertada harmonia.” [28]

Em meados do século XX, o padre Carlos Borromeu, em artigo publicado na revista Música Sacra (Petrópolis, 1951), descreve alguns instrumentos constituídos por canudos de taboca ou taquara sob os auspícios dos jesuítas, dando, ainda, testemunho de haver visto alguns canudos e restos de molduras dos antigos instrumentos da Capela de N. S. de Nazaré de Iburajura e da Capela de Nossa Senhora da Conceição de Jaguarari, ambas no Moju, Pará. [29] Esses instrumentos compostos por canas de taquara, canabrava ou taboca, prática assaz recorrente nas aldeias, põem de manifesto os notáveis procedimentos de assimilação, imitação e adaptação às condições locais de modelos instrumentais eruditos - com toda probabilidade estabelecidos a partir de instrumentos importados da metrópole -, em zonas mais afastadas da colônia.

            Segundo o padre Jaime Diniz, a existência do órgão entre os beneditinos é documentada de forma indireta ao longo do séc. XVII no Mosteiro de São Bento de Salvador, cujo Livro Velho do Tombo da Bahia e o Dietário da Vida e Morte dos Monges fazem menção a oito monges organistas ativos no seiscentos. [30] Maria Luiza Queiroz Santos encontrou nos arquivos do mosteiro que, por volta de 1736, o cenóbio adquirira um novo instrumento: “o revmo. Frei Manoel do Espírito Santo deo uma avoltada esmola para o órgão que então se fazia” [31] . Clemente Maria da Silva Nigra, em sua importante obra Construtores e Artistas do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro (1950), na qual dá uma biografia de Agostinho Rodrigues Leite - organeiro autóctone ativo no Recife de quem nos ocuparemos mais adiante -, afirma que o mesmo teria construído o grande órgão do cenóbio beneditino baiano, encomendado nos anos 1760. [32] Contudo, o padre Diniz diverge de Silva-Nigra, ao considerar que o grande órgão tratava-se do instrumento que se construía em torno a 1736, sendo o órgão construído por Rodrigues Leite um positivo: “o órgão que o nosso mestre teria vendido para o mosteiro da Bahia, pode ser ainda muito bem o que ainda se conserva – um órgão portátil – numa das galerias superiores da igreja abacial de S. Bento” [33] . Segundo Maria Luiza Queiroz Santos, a composição desse instrumento, infelizmente desaparecido de nossos dias, era a seguinte: flauta 4’ [melhor dito, 6 palmos], bordão 4’ [6 palmos], cheio de 3 fileiras, sendo o teclado composto por 53 notas. [34]

No Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro a primeira referência à existência de um órgão positivo data de 1652. Dom Mateus Ramalho Rocha recuperou nos arquivos do mosteiro diversas referências aos órgãos do mesmo. Nos Estados I do cenóbio beneditino lê-se: “despesas em peles para o órgão e esteiras, e mais miudezas… 45$320 réis”. Na relação do abacial de 1663 encontra-se referência ao que parece ser o segundo órgão do mosteiro: “pôs-se na igreja um realejo que custou 16$400 réis”. Durante a administração do abade Tomás da Assunção (1688-91), colocou-se “um Saltério beneditino e um órgão grande” [35] no coro alto da igreja abacial. Esse instrumento seria destruído pelos bombardeamentos da esquadra francesa, à ocasião da invasão do Rio de Janeiro de 1711. Durante a administração do abade frei Bernardo de São Bento (1720-1723), colocou-se um novo órgão no coro alto, que foi aumentado em 1723. [36] Em 1773, o abade Frei Vicente José de Santa Catarina comprou um grande órgão construído em Pernambuco por Agostinho Rodrigues Leite, instrumento cuja excepcional caixa ainda se conserva, o qual abordaremos em pormenor mais abaixo.

No Mosteiro de São Bento de Olinda encontra-se, entre os anos 1692 e 1694, a única referência conhecida a um órgão na Capitania de Pernambuco no séc. XVII. Segundo o padre Diniz, dito órgão, com toda probabilidade um positivo, havia sido importado de Portugal. [37] Maria Luiza Queiroz Santos encontrou o seguinte nos arquivos do mosteiro: “no governo do revmo. Padre Mestre Frei Manoel do Desterro que governou este Mosteiro de 1739 a 1742 se lê na chrônica de nosso Mosteiro: Concertou o telhado do Côro e o Órgão” [38] . Durante a administração do abade Salvador dos Santos (1746-1750), a crônica do mosteiro, escrita em 1791 pelo frei Miguel Arcanjo da Anunciação, faz menção a um novo instrumento:

 “Tambem mandou assentar um Orgão novo em uma das tribunas da parte do Evangelho; porque o realejão, que d’antes tinha o Mosteiro, estava totalmente destruído e sem serventia. Este dito realejo destruído, passados alguns anos, foi vendido ao Mosteiro da Paraíba. O Orgão novo foi o primeiro que em sua vida fez o organeiro Agostinho de tal [Rodrigues Leite], o qual também foi autor deste, que agora temos, em que reformou vários defeitos do primeiro” [39] .

Do acima exposto concluímos que o Realejão devia tratar-se, com toda probabilidade, do órgão mencionado em 1692-96, devendo, ainda, ter servido como modelo instrumental a Rodrigues Leite na fabricação de seu primeiro instrumento. Ao que tudo indica, os instrumentos adquiridos pelos cenóbios beneditinos antes daqueles construídos por Rodrigues Leite deviam tratar-se de instrumentos importados da metrópole. Contudo, é notável à referência ao “órgão que então se fazia” no Mosteiro da Bahia para o qual frei Manoel do Espírito Santo dera uma “avoltada esmola”, pois este morreria em 1736, época em que ainda não se documenta atividade construtiva de instrumentos nem na Bahia, nem em Pernambuco. Resta-nos a pergunta: esse instrumento se fazia na colônia, ou seria uma encomenda que se executava na metrópole? Também nos parece notável que, apesar de ainda não conhecermos nenhuma referência documental alusiva à atividade de mestres organeiros no Rio de Janeiro antes da vinda da corte portuguesa em 1808, o fato de o órgão do Mosteiro de São Bento ter sido “aumentado” em 1723 evoca-nos a hipótese de uma eventual atividade organária local de maior complexidade, para além das simples reparações de instrumentos.

No que concerne ao exercício da organaria na América Portuguesa no séc. XVII, não conhecemos nenhuma referência documental concernente à construção de instrumentos, salvo à atividade isolada desenvolvida no seio das aldeias jesuítas de que nos contam os relatos. Contudo, há uma referência à atividade de reparador exercida por frei João Fagundes, que recebera 6$000 réis por haver afinado e consertado o órgão da Santa Casa da Misericórdia de Salvador em 1676. [40] José Mazza, em seu Dicionário Biográfico dos Músicos Portugueses, escrito em fins do séc. XVIII, faz referência ao “P.e M.e Fr. Mathias Religiozo Carmelita, Compositor, e Mestre da Muzica, e faz horganos, e otimo em tocar, com voz de tenor” [41] . Infelizmente, Mazza não precisa a época em que frei Mathias exercia sua arte organária. No panorama da organaria em Salvador no séc. XVIII, conhecemos referências documentais à atividade de dois construtores de instrumentos: António Francisco Lisboa e António Paulo da Silva. O primeiro construiu um órgão par o Convento de Santa Clara do Desterro em 1791, pelo que recebeu a soma de 100$000 réis. [42] O segundo foi responsável pela fábrica de um órgão para o Convento de Nossa Senhora da Lapa, cujo recibo correspondente à conclusão dos trabalhos, datado de 20 de Maio de 1798, revela o preço do instrumento: 100$000 réis, [43] o que nos faz supor que ambos os instrumentos deviam tratar-se de positivos de poucos registros, nenhum deles se conservando na atualidade.

Agostinho Rodrigues Leite é, indubitavelmente, o mestre organeiro autóctone mais proeminente em toda a América Portuguesa. No manuscrito intitulado Desagravos do Brasil e Glórias de Pernambuco, escrito em 1757 por Domingos do Loreto Couto e conservado na Biblioteca Nacional de Lisboa, encontramos importantes esclarecimentos acerca da formação de Rodrigues Leite no métier da organaria: 

“Agostinho Rodrigues Leite nasceo no Recife em 22 de Agosto de / 1722, Sendo seus Pays João Rodrigues Leite, Familiar do Santo officio, / e Sua mulher Anna Teixeira Leite. He dotado de hum peregrino en: / genho, sem outro Mestre que a propria penetração faz excellentes Or: / gaos. Ao mesmo tempo que exercita esta rara habilidade mostra que / se não cega do interesse dando a suas obras preço muito inferior do seu / devido valor” [44] .

(FIG. 7). BIBLIOTECA NACIONAL DE LISBOA: Desagravos do Brasil e Glórias de Pernambuco, f. 401, pormenor.

Em relação à produção instrumental de Rodrigues Leite, além do instrumento enviado por ele ao Mosteiro de São Bento de Salvador, o organeiro enviou, entre 1766 e 1769, um órgão positivo à Ordem Terceira de N. S. do Carmo da mesma cidade. [45] Em seu ateliê do Recife, o mestre pernambucano construiu vários instrumentos: três órgãos para o Mosteiro de São Bento de Olinda, um positivo em 1746-50, um grande órgão em 1775 -  instrumento de custo elevado, 800$000 réis, e para o qual se construiu um coreto acoplado ao coro alto da igreja abacial, lado da Epístola [46] -, além de um realejo - construído em 1784 pelo preço de 80$000 réis [47] -. Entre 1747 e 1749, foi anotado nos livros da irmandade de N. S. da Boa Viagem o pagamento de 57$980 réis relativo um órgão, com toda probabilidade um realejo, que veio a ser o segundo instrumento construído por Rodrigues Leite. [48] O padre Diniz atribui a Rodrigues Leite a autoria dos instrumentos existentes em várias igrejas do Recife: Igreja do Livramento, São Pedro, Madre de Deus, Corpo Santo, Santo António e Bom Jesus das Portas. Segundo ele: “Agostinho pertencia às irmandades eretas, em quase todos esses templos. E os órgãos existiam comprovadamente nas referidas igrejas do Recife do século XVIII” [49] . Infelizmente, nenhum instrumento devido a Rodrigues Leite se conserva em nossos dias, salvo a excepcional caixa do antigo órgão do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, construído pelo organeiro, sob a administração do frei Vicente José de Santa Catarina (1772-77).

Clemente Maria da Silva Nigra recuperou, nos arquivos de dito mosteiro, o recibo de quitação dos trabalhos de construção do órgão, assinado por Rodrigues Leite e datado de 14 de Janeiro de 1773:

Recebi do mto. Rdo. Pe. Procurador do Mosteyro de S.Bento do Rio de Janro. O Snr. Fr. Lourenso da Expetasaó Valadares, quatro mil e quinhentos cruzados de um orgao q trousse de Pernço. E o vim assentar no dto. Mosteyro, e pr estar pago e Satisfeyto da Sobredita quantia passey este de Minha letra e sinal.

Rio de Janro. 14 de Janro. De 1773

as.) Agto. Roiz Leyte

Saó 1800$000 reis ” [50] .

Trata-se, com diferença, do instrumento mais caro construído na América Portuguesa de que temos notícia. É notável, também, que a fábrica do grande órgão de São Bento do Rio anteceda em dois anos aquela do grande órgão de São Bento de Olinda. Ambos os instrumentos tratam-se dos únicos órgãos devidos a Rodrigues Leite de grande porte sobre cuja existência temos indícios concretos, muito embora o preço do instrumento de São Bento do Rio exceda em um conto de réis o custo final do instrumento de Olinda. Cremos muito provável que o órgão joanino construído por Clemente Gomes para a Sé de Olinda possa ter estabelecido um modelo instrumental sólido para a que parece ser a empresa de fôlego do organeiro autodidata do Recife, o órgão dos beneditinos do Rio. O instrumento sofreu diversas reparações posteriores que lhe desfiguraram quase completamente a factura original: no triênio 1842-45 se lhe acrescentam dois registros partidos de palheta - um clarim e um trompete -, além de se refazer por completo a pintura da caixa; sob a administração do frei Manoel de São Caetano Pinto (1854-57), executa-se uma reparação descrita como radical, que parece constituir-se na primeira grande desfiguração do instrumento Rodrigues Leite, o que é confirmado pelo elevado custo da mesma, 1:250$000 réis. [51] O pédalier que ainda se conserva na fachada posterior da caixa do instrumento é fruto dessa intervenção, que deve ter-se pautado por uma mise au goût du jour da concepção instrumental original do órgão. Já no século XX, em 1925 procede-se a uma grande modificação do instrumento, em sua quase integralidade substituído pelo novo instrumento fabricado pela casa alemã Johannes Klais. À magnífica caixa do antigo órgão Rodrigues Leite acoplou-se uma caixa alusiva ao clássico prospecto barroco dos instrumentos do norte da Alemanha, elemento introdutor de profunda agressão à unidade tão cara e laboriosamente buscada ao longo de mais de dois séculos na decoração interna da igreja abacial. Em 1942, o órgão Klais é desmontado e encarrega-se a Guilherme Berner, organeiro estabelecido no Rio de Janeiro, a factura de um novo instrumento, construído entre 1943 e 1946 e implantado nas duas primeiras tribunas laterais da igreja a partir do coro alto, uma a cada lado do mesmo, no qual algo do material sonoro do órgão Klais fora reutilizado. Por volta de 1956-57, o órgão Berner foi aumentado, quando os tubos correspondentes a nove registros do órgão de Pedal foram introduzidos na caixa do antigo órgão Rodrigues Leite, do qual restam, reutilizados, apenas onze tubos em madeira. [52]

(FIG. 8). IGREJA ABACIAL DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO DO RIO DE JANEIRO: Caixa do antigo órgão Rodrigues Leite (1773).

Muito embora não seja possível fazer-se uma idéia precisa das características e peculiaridades da factura instrumental de Rodrigues Leite, a impressionante caixa que abrigou em seu dia o grande órgão de 1773 é, por si mesma, um elemento excepcional e inquietante. A curiosa forma cilíndrica da zona tubular, arrematada por imensa coroa, e de uma originalidade indiscutível, evoca-nos a eventual engenhosidade da concepção do organismo instrumental, com toda probabilidade, diretamente relacionada à conformação incomum de seu escrínio. A implantação da caixa do antigo órgão Rodrigues Leite, no centro e à frente do coro alto da igreja abacial, parcialmente pousada sobre uma grande mísula ornada de cariátides e de um atlante central, cujo corpo retorcido põe ênfase no esforço que ele aparenta fazer ao sustentar toda a estrutura, parece ter sido ditada, sobremodo, por razões de ordem espacial. Como as estalas que compõem o coro alto estavam completamente terminadas desde o triênio 1685-88 e também já existiam previamente as duas portas que comunicam o coro alto às tribunas laterais da igreja, não restava ao grande órgão de 1773 outra possibilidade de implantação que a que se adotara, um tipo de implantação, embora nada recorrente, também encontrado em solo luso. Contudo, o que não tem nenhum precedente na metrópole é a justaposição de funções que a caixa do instrumento passou a exercer: abrigar o órgão propriamente dito e, concomitantemente, servir de suporte ao crucifixo do altar interno do coro alto da igreja, este uma obra do frei Domingos da Conceição, colocado desde o triênio 1685-88 em seu altar correspondente, em direção ao qual se celebravam as horas canônicas. De fato, o antigo instrumento Rodrigues Leite fora implantado exatamente no lugar tradicionalmente reservado ao altar do coro alto nos mosteiros luso-brasileiros. Há que se ter em conta que a construção de um coreto lateral acoplado ao coro alto - implantação recorrente nos mosteiros portugueses que possuem altar no mesmo – ocultaria a soberba talha dourada de vocabulário de acanto que recobre os arcos do corpo da igreja, de forma que a falta de outra possibilidade de implantação para o instrumento deve ter sido a principal causa de uma inaudita justaposição de funções, criando, portanto, uma caixa de órgão-altar, fato extraordinário no mundo luso-brasileiro. [53] O que, a nosso parecer, é ainda mais notável, é, precisamente, a inesgotável busca de equilíbrio e unidade estética, cujo germe, plantado pelo frei Domingos da Conceição desde os primórdios da decoração interior da igreja abacial, em fins do séc. XVII, perpassa a eclosão de estilos decorativos diversos, que incorpora com mestria, dirigindo inexoravelmente a concepção espacial e decorativa do templo, sendo, ainda, capaz de articular-se e alinhar-se à concepção integral de um instrumento saído das mãos de um artífice cujo ateliê encontrava-se a milhares de quilômetros dali.

(FIG. 9). IGREJA ABACIAL DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO DO RIO DE JANEIRO: Imagem do Santo Cristo de autoria de frei Domingos da Conceição (1685-88).

Na Capitania Geral das Minas Gerais, o padre Manoel de Almeida e Silva, sobre cuja origem e formação no campo da organaria nada se sabe de concreto, é citado na Vila do Príncipe, Comarca do Serro do Frio, a partir de 1760. [54] O organeiro estabeleceu-se no antigo Arraial do Tijuco (atual cidade de Diamantina) no último quartel do século XVIII, onde foi responsável pela construção do antigo órgão da antiga Matriz de Santo António (1782-84) e do instrumento ainda preservado na Igreja da Ordem Terceira de N. S. do Carmo (1782-87). A respeito da restituição da documentação concernente à produção de Almeida e Silva, cumpre destacar a exaustiva série de fotografias de fólios de livros de irmandades do Tijuco realizada pelo musicólogo Francisco Curt Lange, que lhe alicerçam a obra de referência História da Música na Capitania Geral das Minas Gerais: Vila do Príncipe do Serro do Frio e Arraial do Tejuco, algumas das quais são, atualmente, as únicas fontes conhecidas de documentos expropriados por terceiros a seus arquivos correspondentes, sendo acessíveis aos pesquisadores graças à sua disponibilização no Acervo Curt Lange, custodiado pela Universidade Federal de Minas Gerais, ao qual agradecemos, vivamente, pela cessão dos direitos de reprodução de alguns desses fac-símiles.

Além dos dois órgãos supracitados, temos notícia precisa da existência de um terceiro instrumento no dito arraial, um órgão que fora doado em 1788 por Conrado Caldeira Brant à irmandade de N. S. das Mercês:

“Aos vinte e dous dias do Mes de Abril / de 1788 entrou por nosso Irmaõ nesta no / ssa Irmandade de Nossa Senhora das / Merces Conrado Caldeira Abrantes / e deu de esmolla p.ª Sua entrada hum Or / go que Se axa no Coro da dita Capella /por Cuja esmolla Se mandou fazer ao d.º / Irmaõ este termo de entrada ficando Re / mido p.ª naõ pagar anuaes” [55] .

(FIG. 10). ACERVO CURT LANGE – UFMG: fac-símile correspondente à doação do órgão da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês do Tijuco (1788), pormenor.

Curt Lange crê tratar-se esse instrumento de um órgão importado de Portugal, e que deva ter pertencido a Felisberto Caldeira Brant, [56] adjudicador do contrato de diamantes entre 1748 e 1751, e irmão de Conrado. É, portanto, bem plausível que o instrumento já existisse no Arraial do Tijuco antes da construção do órgão da antiga Matriz de Santo António pelo padre Almeida e Silva, ao que tudo indica - como veremos adiante -, um organeiro autodidata, podendo haver, eventualmente, servido ao padre enquanto padrão instrumental.  Sobre a formação do padre Almeida e Silva no ofício da organaria, o musicólogo teuto-uruguaio escreveu:

“Não conhecemos o menor antecedente sobre a aprendizagem do padre no campo da organeria, se adquirida em Portugal ou se improvisada no Tejuco à base de textos e planos recebidos de Lisboa. A necessidade faz o monge, diz um velho provérbio. Naquele isolamento dos centros mais desenvolvidos, como Salvador e Rio de Janeiro, as iniciativas dos homens se multiplicam, conduzindo não poucas vezes a excelentes resultados” [57] .

No que concerne à construção do órgão da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, inferimos a existência de um instrumento anterior ao que se conserva em nossos dias, expressivo instrumento utilizado pelo insigne compositor José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita [58] . [59] No Livro de Despesa da ordem, a 26 de Outubro de 1778, fora registrado o pagamento de 30 oitavas de ouro ao organista Pedro Nolasco de Azevedo, que tocara o órgão durante a Novena de Santa Teresa. [60] Poder-se-ia pensar que esse se tratasse de um instrumento alugado, pois, quatro anos mais tarde, encontraremos no Livro de Receita e Despesas da Irmandade do Santíssimo Sacramento, ao abrigo da antiga matriz de Santo António, uma menção alusiva à prática de aluguel de um instrumento a ela pertencente, pelo valor de ½ oitava de ouro. [61] Contudo, há fortes indícios que nos inclinam a considerar que o instrumento utilizado no templo dos terceiros carmelitas era bem outro: no Livro de Receita e Despesas da Capela do Senhor do Bonfim dos Militares do Arraial do Tijuco, anotou-se, em 1764, o pagamento de doze libras de chumbo a quatro oitavas de ouro a arroba, compradas pelo padre Almeida e Silva em nome da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, [62] o que revela uma relação bastante mais precoce entre o padre e os terciários carmelitas, concomitantemente aos trabalhos de construção de sua igreja, que se prolongaram entre 1760 e 1765.

A propósito do instrumento construído entre 1782 e 1787, que, portanto, parece tratar-se do segundo órgão construído por Almeida e Silva para a ordem do Carmo, sabemos que a proposta para a construção do mesmo partiu do próprio organeiro. A mesma foi aceita pela ordem em 13 de Fevereiro de 1782, o que comprovamos em seu termo correspondente:

“Termo p.lo qual Se determinou em Mesa / Mandar fazer o orgaô Segd.º o ajuste abayxo / declarado. // Aos 13 dias do mes de Fever.º de 1782 no Consistorio desta / V. Ord. 3.ª de N. Snr.ª do Monte do carmo estando prez.tes / O nósso Irmaõ Prior, e os mais Irmaõs da Meza e outros mais / que já Serviraõ as Mesas passadas estando também prezente / o Rev.º M.el da Almd.ª Silva Com consentimento de todos / foy detreminado e concluido com o d.º Rev.º o ajuste do / Orgaõ da capella p.ª esta V. Ord. Na forma Seguinte // [C…] o mesmo Rev.º Seria obri / gado a dar o d.º Orgaõ feito, e acabado, pello preço de – / hum conto e trezentos e vinte mil Reis, a qual quantia Se obri / gou a Meza, a fazerlhe Sería [obra] , dandolhe da factura des / te a Seis mezes a metade, e [tudo] o que he o Resto da factura deste / a hum anno, e de que tudo até o fim Se prometeo e todos a / Cordaraõ e ; assignaraõ e, para a todo tempo Constar eu / Secretario dest.ª V. Ord. escrevi, e assigney. // [Pr.oc] Manoel A. S.ª   M.el da Costa Carv.lo [63] .

(FIG. 11). ACERVO CURT LANGE – UFMG: fac-símile de termo correspondente à construção do órgão da Ordem 3ª de N. S. do Carmo do Tijuco (1782).

Constatamos que o preço do instrumento, 1:320$000 réis ou 1:100 oitavas de ouro, foi bastante mais elevado do que o preço do órgão construído por Almeida e Silva para a antiga Matriz de Santo António, que havia custado 300 oitavas de ouro [64] , de onde concluímos tratar-se o antigo instrumento da antiga matriz de um positivo. A quitação dos trabalhos de construção do órgão do Carmo se fez no dia 17 de Março de 1788:

“E pela forma assima declarada dou por justa /esta conta, de q’ estou pago e Satisfeito, e dou / plena e geral quitaçam da Sua importancia, /que Saõ mil, e Cem oitavas, em que comigo Se / ajustou a factura do Orgam. Tejuco aos 17 /de M.ço de1788. / M.el de Almeid.ª S.ª ” [65] .

(FIG. 12). ACERVO CURT LANGE – UFMG: fac-símile do termo de quitação dos trabalhos de construção do órgão da Ordem 3ª de N. S. do Carmo do Tijuco (1788), pormenor.

Do que vimos de expor, percebemos que o padre Almeida e Silva levou cerca de cinco anos para dar o instrumento do Carmo de Diamantina por terminado, o que evoca-nos a hipótese de um caráter experimental no exercício de sua arte organária, hipótese verificada no estudo das características construtivas do instrumento. Apesar de o mesmo haver sofrido algumas intervenções posteriores - dentre as quais destacamos a de 1877, a de 1905, executada por Mastrolorenzo, e a de 1940, levada a cabo por Anísio Santos e Eugênio Viana, técnicos em piano [66] -, todas elas parecem ter-se limitado à superfície do instrumento, praticamente não lhe tocando o organismo e a quintessência instrumental. [67]

 

(FIG. 13). Fachada principal e posterior do órgão Almeida e Silva da Venerável Ordem Terceira de N. S. do Carmo de Diamantina (1782-87).

A caixa do órgão Almeida e Silva revela uma tipologia bastante corrente no Norte de Portugal a partir do último quartel do séc. XVIII e bastante utilizada nos positivos de grande porte, isto é, instrumentos fixos pertencentes à terceira espécie de Nassarre, cuja zona tubular da fachada principal é formada por torreta central flanqueada por dois campos de tubos cuja altura decresce em direção às extremidades, resultando-lhe o coroamento em forma de lira invertida. Em Diamantina, a originalidade da composição manifesta-se na presença de uma sanefa de perfil sinuoso em arbaleta, cuja utilização no mobiliário religioso é uma das características peculiares da talha rococó mineira, sem precedentes em Portugal. [68] É, ainda, notável que essa sanefa faça as vezes dos arremates tubulares superiores, o que muito contribui ao requinte formal e decorativo da composição. Em relação à implantação do instrumento, a exemplo do antigo órgão Rodrigues Leite de São Bento do Rio, a mesma se faz ao centro e à frente da tribuna do coro, sendo a fachada principal do órgão de Diamantina alinhada à balaustrada do mesmo. [69] A fachada posterior do instrumento, concebida para não ser vista, é orientada segundo uma concepção funcional, sendo composta por quatro portas articuladas duas a duas que protegem a consola e a tubaria do instrumento, que se apresenta, aqui, exposta, à maneira de um positivo de peito.

(FIG. 14). Implantação do órgão Almeida e Silva da Venerável Ordem Terceira de N. S. do Carmo de Diamantina (1782-87).

Se a caixa do instrumento, sobretudo sua fachada principal, é estruturada segundo as regras clássicas da arte, a parte instrumental que a mesma abriga, embora deixe de manifesto certa influência da organaria ibérica e italiana, revela, outrossim, uma leitura e sintaxe absolutamente pessoais das mesmas. Ao nível da consola, percebe-se, imediatamente o âmbito excepcional do teclado manual para a época de construção do instrumento: 61 teclas, do F ao f’’’, apresentando, pois, um ravalement a partir do C em direção ao grave. Muito embora os manúbrios se correspondam simetricamente nos dois lados da consola e a cada um exista uma régua de registro correspondente, exatamente à maneira de um clássico órgão ibérico de raiz castelhana, a suposta partição do manual não encontra repercussão alguma no interior do someiro. A distribuição da tubaria interior segue a mesma disposição em mitra diatônica da fachada, tratando-se, indubitavelmente, da original, posto que é confirmada pelo tamanho e disposição das válvulas no interior da arca de vento. Outra peculiaridade do instrumento é o sistema adotado na construção da mecânica de notas, de denotado cariz italiano, com molinetes em ferro forjado e varetas em fio de latão. Uma das principais vantagens de tal sistema é, sem dúvida, a economia de espaço que o mesmo proporciona ao nível da abreviação em relação aos molinetes de madeira, posto que possibilita uma notável redução da mesma. Almeida e Silva utiliza o sistema em questão, mas construindo uma abreviação de altura considerável, e deixando, portanto, um grande espaço inutilizado entre os roladores. Intencionalidade na factura instrumental ou necessidade de preencher um escrínio pré-definido? Ficamos mais com a impressão de que o organeiro trabalhara sobre um prospecto de estruturação arquitetônica de caixa, muito presumivelmente realizado no Minho-Douro, dentro do qual agenciara um instrumento de forma experimental. É exatamente nessa perspectiva onde reside a relevância e singularidade do instrumento diamantinense, incontornável testemunho da notável capacidade de especulação e superação de nossos organeiros autóctones do período colonial.

            A guisa de conclusão, com base em nossos estudos de mestrado [70] , procedemos a algumas breves considerações de caráter geral. A maioria absoluta dos instrumentos presentes na América Portuguesa parece haver sido efetivamente importada da metrópole, o que se explica pela débil e descontínua presença de mestres organeiros autóctones na área de abrangência de um território continental, que não chegaram a estabelecer núcleos permanentes de construção de órgãos; uma vez o organeiro desaparece, o núcleo desaparece com ele. O papel desempenhado pelas linhagens na aprendizagem do métier da organaria, tão relevante na Península Ibérica, não parece ter adquirido uma importância efetiva e generalizada na América Portuguesa. A propósito da dimensão dos instrumentos, a maioria dos órgãos importados ou construídos em solo luso-americano compunha-se de positivos ou de realejos, instrumentos pertencentes a terceira e quarta espécies nassarrianas, revestidos de caixas de tipo armário. Os instrumentos de grandes dimensões, raríssimos na colônia americana, tratavam-se de órgãos de segunda espécie, a exemplo dos órgãos da Sé de Mariana e do antigo órgão Rodrigues Leite do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, sendo notável o fato de que alguns instrumentos bastante significativos, mesmo imponentes, no panorama colonial, como, por exemplo, o órgão Almeida e Silva do Carmo de Diamantina e o órgão da Matriz de São José de Tiradentes – este último encomendado no Porto ao organeiro galego Simón Fernandez Coutiño pela Irmandade do Santíssimo Sacramento da Vila de São José do Rio das Mortes em 1785 -, sejam instrumentos de 9 e 6 palmos em fachada, respectivamente, tratando-se, de fato, mais de positivos grandes que de grandes órgãos. A exemplo de Rodrigues Leite e Almeida e Silva, a maior parte dos organeiros ativos na colônia parece ter tido formação autodidata, o que se manifesta numa certa cor local dos instrumentos ainda conservados, que não seguem estritamente os cânones preconizados pela organaria ibérica, mas parecem tratar-se, isso sim, de uma aclimatação dos mesmos, os instrumentos enviados da Península havendo, certamente, estabelecido os modelos instrumentais a imitar.

 
Notas


[1] Pianista e organista ítalo-brasileiro residente em Lisboa, Marco Aurelio Brescia é mestre em Historia da Arte pela Universidade Sorbonne-Paris IV. Brescia é investigador integrado do CESEM - Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical, Universidade Nova de Lisboa, onde atualmente realiza estudos doutorais em Ciências Musicais – Musicologia Histórica, em regime de co-tutela de tese com a Universidade de Paris-Sorbonne, sendo bolsista individual de doutoramento da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia de Portugal. 

[2] ARQUIVOS NACIONAIS DA TORRE DO TOMBO. Corpo Cronológico - 1ª Parte, Maço 88, Doc.63, Microfilme 3195.

[3] DINIZ, Jaime Cavalcanti. Velhos Organistas da Bahia: 1559-1745. Universitas, Salvador: Universidade Federal da Bahia, n.10, p.6, 1975.

[4] DINIZ, Jaime Cavalcanti. Organistas da Bahia: 1750-1850. Salvador: Tempo Brasileiro, Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1986. p.18.

[5] ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Bahia - Caixa 49, Documento 4320, Microfilme 54.

[6] ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Pernambuco - Caixa 38, Documento 3387 Microfilme 52.

[7] Son de cuatro especies distintas los [órganos] que ay en magnitud: unos son de entonacion de veinte y seis palmos [24 en Portugal], que llaman sus Artifices; otros de treze [12 en Portugal]; otros de seis y medio [6 en Portugal]; y otros Portatiles [Realejos].” NASSARRE, Pablo. Escuela Música según la práctica moderna. Zaragoza: Institución Fernando el Católico, 1980, v.1, p.481.

[8] VILHENA, Luís dos Santos. Recopilação de Notícias Soteropolitanas e Brasílicas. Bahia: Imprensa Official do Estado, 1921, v.1. p.64.

[9] ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Pernambuco - Caixa 38, Documento 3387, Microfilme 52.

[10] ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Paraíba - Caixa 8, Documento 702, Microfilme 10.

[11] ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Paraíba - Caixa 11, Documento 891, Microfilme 13.

[12] FREIXO, Elisa. Órgão Arp Schnitger, Sé de Mariana, Minas Gerais: Aspectos históricos e técnicos. Mariana: Arquidiocese de Mariana, 2002. p.31.

[13] ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Minas Gerais - Caixa 48, Documento 12, Microfilme 41 (transcrição nossa a partir do documento original). FERREIRA, Marcelo Martiniano. Arp Schnitger: dois órgãos congêneres de 1701. Niterói: edição particular do autor, 1991. p.216.

[14] ARQUIVOS NACIONAIS DA TORRE DO TOMBO. Chancelarias Antigas da Ordem de Cristo - Livro 227, f.237.

[15] ARQUIVOS NACIONAIS DA TORRE DO TOMBO. Chancelarias Antigas da Ordem de Cristo - Livro 206, f. 433 verso.

[16] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Codex 100 - SC. Apud. FERREIRA, M. M. Ferreira. op. cit., pp.217-18.

[17] CASTAGNA, Paulo. Primeiros organistas da Catedral de Mariana. Caixa Expressiva, Piracicaba, ano 5, n.10, pp. 20-21, 2001.

[18] ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Rio de Janeiro – Documento nº 16.329.

[19] ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Rio de Janeiro – Documento nº 16.320 (transcrição nossa a partir do documento original). FERREIRA, Marcelo Martiniano. op. cit., p.213.

[20] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Codex 95 – DF, f.151. Apud. ARQUIVOS DO IPHAN – BELO HORIZONTE. Arquivo Permanente - série I, Cidade: Mariana, Monumento: Catedral da Sé - Órgão.

[21] ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Codex 95 – DF, f.145 Apud. ARQUIVOS DO IPHAN – BELO HORIZONTE. Arquivo Permanente - série I, Cidade: Mariana, Monumento: Catedral da Sé - Órgão.

[22] HOLLER, Marcos. Uma História de Cantares de Sion na Terra dos Brasis: a Música na atuação dos Jesuítas na América Portuguesa (1549-1759) [tese de doutorado]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas – Instituto de Artes, 2006, v.2. p.374.

[23] HOLLER, Marcos. op. cit., v.1, pp.76-85.

[24] Ibid., p.77.

[25] HOLLER, Marcos. op. cit., v.2, p.339.

[26] HOLLER, Marcos. op. cit., v.1, p.76.

[27] Ibid., p.82.

[28] BAENA, Antonio Ladislau Monteiro. Ensaio Corografico sobre a Provincia do Pará. Pará: Typographia de Santos & menor, 1839. p.413.

[29] HOLLER, Marcos. op. cit., v.1, p.120.

[30] DINIZ, Jaime Cavalcanti. Velhos Organistas da Bahia…, op. cit., p.13-16.

[31] SANTOS, Maria Luiza Queiroz. Origem e evolução da Música em Portugal e sua influência no Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1942. p.114.

[32] SILVA-NIGRA, D. Clemente Maria da. Construtores e artistas do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro. Salvador: Tipografia Beneditina, 1950, v.1. p.155.

[33] DINIZ, Jaime Cavalcanti. Músicos pernambucanos do passado. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1969, v.1. p.121.

[34] SANTOS, Maria Luiza Queiroz. op. cit., p.115.

[35] ROCHA, D. Mateus Ramalho. O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro: 1510/1990. Rio de Janeiro: Studio HMF, 1991. p.247.

[36] Ibid., p. 248.

[37] DINIZ, Jaime Cavalcanti. Músicos pernambucanos…, op. cit., v.1,p.108.

[38] SANTOS, Maria Luiza Queiroz. op. cit., p.114.

[39] Ibid., loc. cit.

[40] DINIZ, Jaime Cavalcanti. Velhos Organistas…, op. cit., p.39.

[41] MAZZA, José; ALEGRIA (ed.), José Augusto. Dicionário Biográfico de Músicos Portugueses. Lisboa: Tipografia da Editorial Império, 1944-45. p.6.

[42] DINIZ, Jaime Cavalcanti. Organistas da Bahia...., op. cit., p.52.

[43] BRASIL, Hebe Machado. A Música na Cidade do Salvador. Salvador: Prefeitura Municipal, 1969. p.69. citada por KERR, Dorothea Machado. Possíveis causas do declínio do órgão no Brasil: Catálogo dos órgãos brasileiros [dissertação de mestrado]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1985. p.48.

[44] BIBLIOTECA NACIONAL DE LISBOA. Manuscrito F.5097, Desagravos do Brazil, e Glorias de Pernambuco. Discursos Brasilicos, Dogmaticos, Belicos, Apologeticos, Moraes, e Historicos / […] / por seu ator Domingos do Loreto Couto, Presbitero profeço da ordem do Principe dos Patriarchas S. Bento. 26 de Março de 1757, 591 f. Livro Quinto – Pernambuco Ilustrado com as letras, Cap.II – Dos que pela sua rara habilidade sem ter ilustres de quem aprendessem forao insignes em alguas Artes. f.401.

[45] SILVA-NIGRA, Clemente Maria da. op.cit., v.1, p.155.

[46] Ibid., p. 154.

[47] DINIZ, Jaime Cavalcanti. Músicos Pernambucanos..., op. cit., v.1, p.130.

[48] Ibid., pp.112-14.

[49] Ibid., p.108.

[50] SILVA-NIGRA, D. Clemente Maria da. op. cit., v.2, p.147

[51] ROCHA, D. Mateus Ramalho. op. cit., p.250.

[52] Ibid., p.253.

[53] O único caso, de certo modo comparável, da existência de um órgão junto ao altar do Santo Cristo no coro alto de um cenóbio de que temos notícia em Portugal dá-se na igreja do antigo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde um órgão positivo de provável autoria de Miguel Hensberg (fins do séc. XVII) serve de base ao dito altar; de todos os modos, em função do mesmo não se tratar em absoluto de um grande órgão de 12 palmos, sua caixa não cumpre a mesma função dupla que observamos em São Bento do Rio, destinando-se, unicamente, ao abrigo do instrumento.

[54] JUNQUEIRA GUIMARÃES, Maria Inês. L’oeuvre de Lobo de Mesquita, Compositeur Brésilien (?1746-1805): Contexte Historique, Analyse, Discographie, Catalogue Thématique, Restitution. [thèse doctorale].Villeneuve d’Ascq: Presses Universitaires du Septentrion, 1996. p.112.

[55] ACERVO CURT LANGE. Fotografias - 8.1.08.46, fac-símile extraído do Livro de Entrada de Irmãos na Irmandade de Nossa Senhora das Mercês  

[56] LANGE, Francisco Curt. História da Música na Capitania Geral das Minas Gerais: Vila do Príncipe do Serro do Frio e Arraial do Tejuco. Belo Horizonte: Conselho Estadual de Farmácia de Minas Gerais, 1983, v. VIII. p.125.

[57] Ibid., loc. cit.

[58] Lobo de Mesquita, além da atividade de organista desempenhada no seio das Irmandades do Santíssimo Sacramento e das Mercês, bem como de trabalhos episódicos para a Irmandade do Rosário do antigo Arraial do Tijuco, foi o primeiro organista a ocupar o posto no órgão construído por Almeida e Silva entre 1782 e 1787 para a Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo. Embora não tenha sido contratado oficialmente antes de 1789, a primeira referência documental à sua atividade de organista para os terceiros carmelitas remonta a 1786. (BRESCIA, Marco Aurelio. Catalogue des Orgues Baroques au Brésil: Architecture et Décoration [mémoire de master 2]. Paris: Université Sorbonne-Paris IV, UFR d’Histoire de l’Art, 2008. p.245). Segundo Maria Inês Junqueira Guimarães, o compositor serviu à venerável ordem terceira até 1794, “année dont il reçut son dernier salaire de 50 octaves d’or annuelles”. (JUNQUEIRA GUIMARÃES, Maria Inês. op. cit., p.99).

[59] O órgão Almeida e Silva encontra-se, atualmente, em processo de restauro, por iniciativa da Venerável Ordem Terceira de N. S. do Carmo e sob os auspícios da Mitra Arquidiocesana de Diamantina, proponente do projeto aprovado em 100% pelo Ministério da Cultura do Brasil e captado integralmente com fundos do BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, correndo a restauração do mesmo a cargo do ateliê de organaria Hermanos Desmottes de Cuenca, Espanha - sob responsabilidade técnica de Bruno Forst e coordenação técnica da equipe de restauro de Marco Aurelio Brescia -, o restauro da caixa a cargo da empresa ANIMA – Conservação e Restauro e administração do projeto realizada pela empresa DUO – Informação e Cultura.

[60] ACERVO CURT LANGE. Caixa 10.7.002.003, pasta 10.3.39.07.

[61] ACERVO CURT LANGE. Fotografias - 8.1.08.48.2, fac-símile de uma lista de compras extraída do Livro de Receita e Despesa da Irmandade do Santíssimo sacramento, Arraial do Tijuco, 1782, f.47.

[62] ACERVO CURT LANGE. Caixa 10.7.002.003, pasta 10.3.39.08.

[63] ACERVO CURT LANGE. Fotografias - 8.1.08.34.6, fac-símile de termo n.º 49, registrado sobre a f.48 do Livro de Termos da Ordem 3ª de N. S. do Carmo do Arraial do Tijuco.

[64] LANGE, Francisco Curt. op. cit., p.126.

[65] ACERVO CURT LANGE. Fotografias - 8.1.08.42, fac-símile do termo de quitação dos trabalhos de construção do órgão, registrado no Livro de Receita da Irmandade de Nossa Senhora do Monte do Carmo no Arraial do Tejuco (1758-1810), f. 23 verso.

[66] BRESCIA, Marco Aurelio. op. cit. p.127.

[67] Quando da desmontagem e acondicionamento da parte instrumental do órgão com vistas à exportação temporária do mesmo para beneficiamento no exterior, segundo consta no relatório correspondente à dita desmontagem enviado ao BNDES e redigido pelo presente autor, pudemos constatar que boa parte do organismo instrumental – someiro, integralidade da mecânica de registros e uma parte muito considerável da mecânica de notas -, assim como a prática integralidade da tubaria do instrumento, pertence à factura original. Com base na análise das inscrições pertencentes a épocas sucessivas, percebemos que a mais antiga delas, e, por conseguinte, a única de características paleográficas tardo-setecentistas, além de ser a única onipresente em todo o conjunto da tubaria, tanto nos tubos labiais de madeira e metal, como nos tubos de palheta - à exceção dos sete tubos mais graves em fachada, em zinco e de factura industrial, muito provavelmente oriundos da intervenção de 1905, realizada por Mastrolorenzo –, coincide sempre entre o pé e o corpo de um mesmo tubo, o que deixa de manifesto a homogeneidade e absoluta coesão do material sonoro, à única exceção dos sete tubos supracitados. Ademais, a qualidade da liga e das soldas parece ser rigorosamente a mesma em todo o conjunto, o que só vem confirmar o que vimos de expor. Evidentemente, uma análise ainda mais exaustiva e rigorosa de todo o material sonoro do instrumento, a ser realizada em ateliê no decurso da restauração do mesmo, aportará as conclusões definitivas acerca da proveniência e homogeneidade para a qual aponta a primeira e preliminar análise do conjunto do material sonoro do instrumento, realizada in situ.

[68] OLIVEIRA, Myriam Ribeiro Andrade de. O Rococó Religioso no Brasil e seus antecedentes europeus. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. p.253.

[69] Il nous semble que le choix de l’emplacement à Diamantina est conditionné moins à des questions typologiques qu’à des impositions de caractère spatial et esthétique. […] Nous croyons que des facteurs d’ordre esthétique, voire même de goût, auraient joué une influence plus décisoire à ce sujet, car l’emplacement de l’orgue ne fut pas décidé par le facteur d’orgues, mais, comme nous l’avons vu plus haut, par la Mesa du tiers-ordre, qui a dû bien choisir un emplacement qui mît en valeur la noblesse de l’instrument, dont le buffet jouerait, d’ailleurs, le rôle de pendant du maître-autel, ce qui était véritablement souhaitable, étant donnée l’inexistence de paravent à l’entrée de l’église”. (BRESCIA, Marco Aurelio. op. cit., pp. 245-46).

[70] BRESCIA, Marco Aurelio. op. cit., pp.309-11.

REFERÊNCIAS

FONTES ARQUIVÍSTICAS

ACERVO CURT LANGE – UFMG - BELO HORIZONTE

. Caixa 10.7.002.003, pastas 10.3.39.08 e 10.3.39.07.

. Fotografias - 8.1.08.34.6, fac-símile do termo n.º 49, registrado sobre a f.48 do Livro de Termos da Ordem 3ª de N. S. do Carmo do Arraial do Tijuco.

. Fotografias - 8.1.08.42, fac-símile do termo de quitação dos trabalhos de construção do órgão, registrado no Livro de Receita da Irmandade de Nossa Senhora do Monte do Carmo no Arraial do Tejuco (1758-1810).

. Fotografias - 8.1.08.46, fac-símile extraído do Livro de Entrada de Irmãos na Irmandade de Nossa Senhora das Mercês.

. Fotografias - 8.1.08.48.2, fac-símile de uma lista de compras extraída do Livro de Receita e Despesa da Irmandade do Santíssimo sacramento, Arraial do Tijuco, 1782.

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. Minas Gerais - Caixa 48, Documento 12, Microfilme 41.

. Paraíba - Caixa 8, Documento 702, Microfilme 10.

. Paraíba - Caixa 11, Documento 891, Microfilme 13.

. Pernambuco - Caixa 38, Documento 3387 Microfilme 52.

. Rio de Janeiro – Documento nº 16.320.

. Rio de Janeiro – Documento nº 16.329.

ARQUIVOS DO INSTUTUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – BELO HORIZONTE

. Arquivo Permanente - série I, Cidade: Mariana, Monumento: Catedral da Sé – Órgão

ARQUIVOS NACIONAIS DA TORRE DO TOMBO – LISBOA

                . Corpo Cronológico - 1ª Parte, Maço 88, Doc. 63, Microfilme 3195.

 . Chancelarias Antigas da Ordem de Cristo - Livro 206.

. Chancelarias Antigas da Ordem de Cristo - Livro 227.

BIBLIOTECA NACIONAL – LISBOA

. Reservados - Manuscrito F.5097, Desagravos doBrazil, e Glorias de Pernambuco. Discursos Brasilicos, Dogmaticos, Belicos, Apologeticos, Moraes, e Historicos / […] / por seu ator Domingos do Loreto Couto, Presbitero profeço da ordem do Principe dos Patriarchas S. Bento. 26 de Março de 1757. 591 f.

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