Revista eletrônica de musicologia

Volume XIII - Janeiro de 2010

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Colóquio «O Piano Brasileiro» - Composição, interpretação, pedagogia

Universidade Federal do Paraná

Université Paris-Sorbonne, Paris IV – Observatoire Musical de France

 

 

 

Meus agradecimentos à Sra. Danièle Pistone (do Observatório Musical da França) e a Sra. Zélia Chueke (da Universidade Federal do Paraná) pelo convite para participar deste Colóquio.

 

Meus parabéns aos organizadores do Colóquio pela sua iniciativa ...

 

Senhoras e Senhores

Como professor do Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná, tenho a honra de ter sido convidado para a abertura desta sessão de trabalhos do colóquio “O Piano Brasileiro”.

Ele mostra, mais uma vez, a cooperação entre o Observatório Musical da França, da Universidade de Paris-Sorbonne, Paris IV e o Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba.

Este colóquio se realiza pela segunda vez, pois o Programa de Mestrado em Música da Universidade Federal do Paraná tem objetivos comuns com o Observatório Musical de Paris com respeito à pesquisa musical contemporânea e, desta vez, sobre a música de piano, o que permitirá de tornar conhecida a cultura brasileira através da música.

 

Como historiador da arte no Brasil, gostaria de fazer algumas referências sobre as relações de amizade entre a França e o Brasil.

Estas relações foram reforçadas no início do século XIX, quando chegou ao Brasil a Missão artística francesa que participou da criação das Academias de Artes, Ciências e Letras.

Mesmo no início do século XX, Curitiba recebeu uma grande influência dos poetas simbolistas franceses e a modernidade brasileiro começa a se desenvolver à partir dos movimentos modernos na França.

Durante a semana de arte moderna de 1922, realizada em São Paulo e considerada como o início oficial do movimento moderno, a pianista brasileira Guiomar Novaes, aluna do Conservatório Nacional de Paris, interpretou obras de Debussy e de Villa Lobos. Inclusive a revista de divulgação do Movimento Moderno utilizou um título em francês, “Klaxon” (buzina).

 

Sobre o piano, especificamente, não podemos esquecer que houve no Brasil, durante o período colonial, um grande compositor, José Maurício Nunes Garcia, que criou um método de piano para poder ensinar a seu filho; é uma obra muito importante para conhecermos as influências que a música brasileira recebeu das fontes estrangeiras a que esteve submetida, mas também para entender a síntese que estava se realizando em toda a cultura brasileira entre o elemento importado, europeu ou africano, e os elementos autóctones.

Brasílio Itiberé da Cunha, compositor de música para piano e também embaixador do Brasil na França, teve uma de suas composições, “Sertaneja”, tocada pelo próprio Franz Liszt.

 

Não podemos esquecer de mencionar, também, Jocy de Oliveira, nascida em Curitiba e que estudou em Paris, trabalhou com Olivier Messiaen. Pianista, ela hoje é compositora de Óperas, mas ajudou a tornar conhecida a música contemporânea, para piano, no Brasil.

 

Antes de finalizar, eu gostaria muito de fazer referência a um episódio, não exatamente acadêmico, mas que mostra muito bem os laços de amizade que existem entre a cidade de Curitiba e a França.

 

Depois da Guerra, recebemos em Curitiba a visita de um compositor de canções populares francesas; ele foi hospedado pelo Cônsul da Inglaterra nesta cidade e aí compôs um canção muito conhecida na França do pós-guerra, “Monsieur le Consul à Curitiba” (Senhor Cônsul em Curitiba).

Cantada por Jacques Hélion, com letra de Fernand Vimont e Henri Lemarche e a música de Marc Heyral.

Cito os primeiros versos:

 

Il est au Brésil une ville

(Há no Brasil uma cidade)

Un charmant petit coin tranquille

(Um pequeno lugar encantador e tranqüilo)

Où la vie est douce et facile

(Onde a vida é calma e fácil)

Et qu'on nomme Curityba.

(E que se chama Curitiba.)

………………………….

 

Sabemos que esta canção recebeu o primeiro prêmio de Canção no concurso de Deauville em 1950.

 

Espero que possamos aumentar nossas relações de pesquisa incluindo também o domínio das artes plásticas, que é o objeto principal de minhas pesquisas.

 

Esta é a minha contribuição para os debates que agora começam.

Eu desejo um excelente e produtivo dia de trabalho durante este segundo Colóquio Brasil-França, sobre a música de piano brasileira.

Obrigado.

 

Fernando A. F. Bini

30 de janeiro de 2008